ANVISA aprova novo tratamento para câncer de pulmão metastático: alectinib

Dr. Gustavo Schvartsman • 9 de janeiro de 2019

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo tratamento para câncer de pulmão não-pequenas células metastático que apresenta uma translação no gene ALK, presente em até 5% dos casos. Os pacientes são, em sua maioria, do sexo feminino, mais jovens (40-60 anos) e sem história de tabagismo. Os pacientes acometidos por essa variante de câncer de pulmão, assim como os portadores de outras mutações que chamamos de driver (como EGFR, ROS1, BRAF, entre outras), geralmente tem um benefício importante com terapia alvo-dirigida contra as alterações moleculares, em comparação com quimioterapia.

 

A aprovação foi baseada no estudo ALEX, que demonstrou uma superioridade do alectinib em relação ao tratamento padrão, o crizotinib, com redução de risco de progressão de doença ou morte de 53%. Mais ainda, a droga tem uma ótima penetração no sistema nervoso central e reduziu o risco de progressão em 84% para pacientes com metástase cerebral. A droga tem toxicidade manejável, e menos eventos adversos graves comparadas a crizotinib.

 

A droga é comercializada sob o nome comercial Alecensa® e é produzida pela Roche. Consiste em comprimidos de 600 mg, a serem tomados junto com alimentos, duas vezes ao dia. O tratamento já é aprovado nos Estados Unidos desde 2017. Até então, no Brasil, o tratamento padrão é crizotinib. Infelizmente, a droga ainda não é de cobertura obrigatória a todos os planos de saúde por não estar contemplada no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que somente é atualizado a cada 2 anos para agentes anti-neoplásicos orais. A droga tampouco está prevista para ser disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Fonte: Peters et al. Alectinib versus Crizotinib in Untreated ALK-Positive Non–Small-Cell Lung Cancer. NEJM, 2017


melanoma braf positivo
Por Gustavo Schvartsman 22 de outubro de 2025
Melanoma BRAF positivo: Entenda o que é, como é diagnosticado, os impactos dessa mutação e os avanços nos tratamentos personalizados disponíveis.
carcinoma espinocelular de pele
Por Gustavo Schvartsman 15 de outubro de 2025
Carcinoma espinocelular: Conheça causas, sintomas, diagnóstico e tratamentos desse câncer de pele. Entenda como prevenir e quando buscar ajuda médica.
resposta ao tratamento do câncer
Por Gustavo Schvartsman 8 de outubro de 2025
Resposta ao tratamento do câncer: Conheça como entender e o que significam termos como resposta completa, parcial e doença estável.
biópsia líquida
Por Gustavo Schvartsman 1 de outubro de 2025
Biópsia líquida: Um exame moderno que detecta fragmentos de DNA tumoral no sangue, auxiliando no diagnóstico, tratamento e monitoramento do câncer.
imunoterapia no câncer de cabeça e pescoço
Por Gustavo Schvartsman 24 de setembro de 2025
Entenda como a imunoterapia no câncer de cabeça e pescoço vem transformando o tratamento oncológico, oferecendo novas perspectivas de controle da doença.
Oncologista especialista em cabeça e pescoço: Quando consultar?
Por Gustavo Schvartsman 17 de setembro de 2025
Saiba quando consultar um oncologista especialista em cabeça e pescoço e entenda o papel desse profissional no diagnóstico e tratamento personalizado.
inibidores de tirosina quinase
Por Gustavo Schvartsman 11 de setembro de 2025
O que são os inibidores de tirosina-quinase: Como atuam no câncer renal e quais os avanços mais importantes no tratamento dessa doença.
exame PET-CT
Por Gustavo Schvartsman 9 de setembro de 2025
Entenda o que é o PET-CT, como funciona e por que esse exame é essencial no diagnóstico e acompanhamento de diversos tipos de câncer.
imunotera
Por Gustavo Schvartsman 3 de setembro de 2025
A imunoterapia revolucionou o tratamento do câncer ao estimular o próprio sistema imunológico do paciente a combater as células tumorais. Diferente da quimioterapia e da radioterapia, que agem diretamente sobre o tumor, a imunoterapia fortalece as defesas naturais do organismo. Mas será que a imunoterapia funciona em todo câncer? A resposta exige uma análise cuidadosa sobre o funcionamento da técnica, os tipos de tumores que mais respondem ao tratamento e as limitações ainda existentes. Continue a leitura para entender como a imunoterapia funciona, quais pacientes podem se beneficiar e o que a ciência já descobriu até agora. O que é imunoterapia? A imunoterapia é uma forma de tratamento que estimula o sistema imunológico do próprio paciente a reconhecer e combater as células cancerígenas. Ela funciona como uma espécie de “reeducação” das defesas naturais do corpo, ajudando-as a identificar e atacar o tumor com mais precisão. Existem diferentes tipos de imunoterapia utilizados na prática clínica, como: Inibidores de checkpoint imunológico, que liberam os “freios” do sistema imune (ex.: anti-PD-1, PD-L1 e CTLA-4) Terapias com células T, incluindo as células CAR-T Vacinas terapêuticas, desenvolvidas para estimular respostas específicas contra o câncer Citocinas, como interleucinas e interferons, que aumentam a resposta imune Anticorpos monoclonais , que reconhecem alvos específicos nas células tumorais A proposta é tornar o sistema imunológico mais ativo e eficaz contra tumores que, muitas vezes, conseguem escapar da vigilância natural do organismo. Imunoterapia funciona em todo câncer? Não. Apesar dos avanços recentes, a imunoterapia não funciona em todo câncer . A resposta ao tratamento depende de características específicas de cada tumor, como: Expressão de biomarcadores, como PD-L1 Carga mutacional elevada (TMB) Presença de inflamação no microambiente tumoral (“tumores quentes”) Instabilidade de microssatélites (MSI-H) Em resumo, a eficácia da imunoterapia está diretamente ligada ao perfil biológico do câncer. Ainda não existe uma solução universal, mas as indicações têm crescido com o avanço das pesquisas. Por isso, é fundamental que todos os tipos de tumor sejam testados adequadamente para avaliar o potencial benefício da imunoterapia, mesmo os subtipos com menor probabilidade de eficácia. Como exemplo, já tive pacientes com câncer de mama que não eram elegíveis à imunoterapia por serem hormônio-positivos, porém com rara carga mutacional altíssima, que viabilizou o tratamento bem-sucedido. Assista ao vídeo:
alimentação durante o tratamento oncológico
Por Gustavo Schvartsman 20 de agosto de 2025
Conheça os principais mitos e verdades sobre a alimentação durante o tratamento oncológico e saiba como manter uma dieta segura e equilibrada.