Hormonioterapia: O que é, indicações e como funciona

Gustavo Schvartsman • 9 de maio de 2025

A hormonioterapia é uma modalidade de tratamento que desempenha um papel crucial em diversas condições de saúde, especialmente em certos tipos de câncer. Utilizando hormônios ou bloqueadores hormonais, essa abordagem pode inibir o crescimento de tumores  que dependem de hormônios para se desenvolver.


Neste artigo, entenda
o que é a hormonioterapia, suas principais indicações e como ela funciona.


O que é a hormonioterapia?


A hormonioterapia é um tratamento que utiliza medicamentos para
modificar a produção ou ação dos hormônios no organismo. Hormônios como estrogênio e testosterona podem estimular o crescimento de certos tipos de câncer, como os de mama e próstata. A terapia busca reduzir ou bloquear esses hormônios para frear o desenvolvimento do tumor.


Tipos de hormonioterapia


Bloqueadores hormonais:
Medicamentos que inibem a produção de hormônios pelas glândulas.

Moduladores hormonais: Substâncias que impedem que os hormônios se liguem aos receptores nas células.

Cirurgia: Remoção de glândulas produtoras de hormônios, como ovários ou testículos, em casos específicos.


Indicações da hormonioterapia


A hormonioterapia é indicada principalmente para tratar cânceres hormonossensíveis. Os tipos de câncer mais comumente tratados com essa abordagem incluem:


Câncer de mama


Grande parte dos
cânceres de mama é sensível a hormônios. A hormonioterapia é recomendada para pacientes com tumores receptores positivos para estrogênio e/ou progesterona (ER+ ou PR+). Estudos indicam que esse tratamento pode reduzir a chance de recorrência em até 50%.


Assista ao vídeo e entenda mais sobre o tratamento do câncer de mama:




Câncer de próstata


O crescimento do
câncer de próstata costuma ser impulsionado pela testosterona. A hormonioterapia reduz a produção desse hormônio ou bloqueia sua ação, ajudando a controlar a progressão da doença e proporcionando melhora na qualidade de vida dos pacientes com casos metastáticos.


Outros tipos de câncer


Em situações menos comuns, a hormonioterapia pode ser indicada para tratar outros tipos de câncer, como
alguns casos de câncer de útero,  ovário e glândulas salivares, especialmente quando apresentam receptores hormonais.


Como a hormonioterapia funciona?


A hormonioterapia age de maneiras distintas, de acordo com o tipo de câncer e a estratégia escolhida. Veja os mecanismos mais comuns:


  1. Bloqueio da produção hormonal

Medicamentos como os inibidores de aromatase bloqueiam a ação da enzima aromatase, que converte andrógenos em estrogênio. Essa abordagem é indicada apenas para mulheres na pós-menopausa, seja ela natural ou induzida por bloqueio da função ovariana. Costuma ser mais eficaz que os SERMs (abaixo). Exemplos de inibidores de aromatase: letrozol, anastrozol, exemestano. 


     2.   Bloqueio de receptores hormonais

Moduladores seletivos de receptores de estrogênio (SERMs) ou degradadores do receptor (SERDs), como o tamoxifeno e fulvestranto, atuam impedindo que o estrogênio se ligue aos receptores nas células mamárias, limitando o estímulo ao crescimento tumoral. 


    3.  Supressão hormonal química ou cirúrgica

A remoção de glândulas produtoras de hormônios, como os ovários (ooforectomia) em mulheres ou os testículos (orquiectomia) em homens, reduz drasticamente a produção de hormônios sexuais, contribuindo para o controle do crescimento do tumor. É uma alternativa definitiva e menos custosa, comumente utilizada no sistema público. A alternativa química (medicamentosa) é através de medicamentos que bloqueiam o estímulo à produção dos hormônios. Exemplos: gosserelina, leuprorrelina, degarelix.


Quem pode se beneficiar da hormonioterapia?


A hormonioterapia é indicada para pacientes com tumores que
apresentam sensibilidade hormonal. Antes de iniciar o tratamento, são realizados exames para identificar a presença de receptores hormonais nas células tumorais. Pacientes com câncer de mama ou próstata em estágio avançado, que não respondem bem a outros tratamentos, também podem encontrar benefícios nessa abordagem.


Perguntas frequentes


Como funciona o tratamento de hormonioterapia?

A hormonioterapia age bloqueando ou reduzindo os hormônios que estimulam o crescimento de certos tipos de câncer, como os de mama e próstata, interrompendo a progressão tumoral.


Quando é indicada a hormonioterapia?

É indicada principalmente para pacientes com câncer hormonossensível, como câncer de mama e próstata com receptores hormonais positivos.


Quais são os efeitos colaterais da hormonioterapia?

Efeitos comuns incluem ondas de calor, ganho de peso, perda de densidade óssea, alterações de humor e fadiga.


Quais medicamentos são usados na hormonioterapia?

Medicamentos como tamoxifeno, inibidores de aromatase, leuprolida e goserelina são comumente utilizados.


Qual a diferença entre quimioterapia e hormonioterapia?

A quimioterapia ataca células cancerosas diretamente, enquanto a hormonioterapia reduz ou bloqueia hormônios que promovem o crescimento do câncer.


Quanto tempo dura a hormonioterapia?

Pode durar de 5 a 10 anos, dependendo do tipo de câncer e da resposta do paciente ao tratamento.


Como é aplicada a injeção de hormonioterapia?

É administrada por via subcutânea ou intramuscular, conforme o medicamento prescrito e as recomendações médicas.


Quais os benefícios da hormonioterapia?

Reduz o risco de recidiva do câncer, desacelera o crescimento tumoral e pode ser uma opção eficaz em casos de câncer avançado.


Como iniciar a hormonioterapia?

O tratamento começa após a recomendação do oncologista, que avalia exames e discute a presença de receptores hormonais no tumor.


Como amenizar os efeitos colaterais da hormonioterapia?

Práticas como atividade física, dieta balanceada, suplementação de cálcio e vitamina D, e apoio psicológico podem ajudar a aliviar os sintomas.


Quem faz hormonioterapia menstrua?

A menstruação pode ser interrompida durante o tratamento, especialmente em mulheres pré-menopáusicas, devido à supressão hormonal.


Quem faz hormonioterapia pode beber?

O consumo de álcool deve ser moderado e discutido com o médico, pois pode interferir nos efeitos do tratamento e potencializar efeitos colaterais.


A hormonioterapia é eficaz na prevenção de recidivas?

Sim, a hormonioterapia pode reduzir significativamente as chances de recorrência em pacientes com tumores hormonossensíveis, especialmente no câncer de mama.


A hormonioterapia é eficaz em todos os estágios do câncer?

A eficácia depende do estágio e tipo de câncer; ela é mais comumente eficaz em casos de tumores hormonossensíveis e pode ser usada em estágios iniciais ou avançados.


Quais são os sinais de que a hormonioterapia está funcionando?

Indicadores incluem a redução do tamanho do tumor, estabilização da doença e melhora dos níveis de marcadores tumorais em exames de sangue.


Conclusão | Hormonioterapia para câncer em São Paulo


A hormonioterapia é um tratamento  eficiente em casos de cânceres hormonossensíveis, como os de mama e próstata. Com a capacidade de controlar o crescimento do tumor e reduzir o risco de recorrência, ela desempenha um papel essencial no arsenal de tratamentos oncológicos. Se você deseja saber mais sobre a hormonioterapia ou tem dúvidas sobre sua indicação,
consulte um especialista e discuta as opções de tratamento.


Sou o
Dr. Gustavo Schvartsman, especialista em oncologia clínica. Formado pela Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo, me especializei no MD Anderson Cancer Center, adquirindo experiência internacional e aprofundando meu foco em imunoterapia. Hoje atuo no Hospital Israelita Albert Einstein, onde ofereço tratamentos personalizados e terapias de última geração. Meu compromisso é garantir que cada paciente receba o melhor cuidado possível e as opções de tratamento mais adequadas para seu caso. Para mais informações, explore o meu site ou clique aqui para agendar uma consulta.


E continue acompanhando a central educativa para acessar conteúdos importantes sobre saúde. Até o próximo artigo.

biópsia líquida
Por Gustavo Schvartsman 1 de outubro de 2025
Biópsia líquida: Um exame moderno que detecta fragmentos de DNA tumoral no sangue, auxiliando no diagnóstico, tratamento e monitoramento do câncer.
imunoterapia no câncer de cabeça e pescoço
Por Gustavo Schvartsman 24 de setembro de 2025
Entenda como a imunoterapia no câncer de cabeça e pescoço vem transformando o tratamento oncológico, oferecendo novas perspectivas de controle da doença.
Oncologista especialista em cabeça e pescoço: Quando consultar?
Por Gustavo Schvartsman 17 de setembro de 2025
Saiba quando consultar um oncologista especialista em cabeça e pescoço e entenda o papel desse profissional no diagnóstico e tratamento personalizado.
inibidores de tirosina quinase
Por Gustavo Schvartsman 11 de setembro de 2025
O que são os inibidores de tirosina-quinase: Como atuam no câncer renal e quais os avanços mais importantes no tratamento dessa doença.
exame PET-CT
Por Gustavo Schvartsman 9 de setembro de 2025
Entenda o que é o PET-CT, como funciona e por que esse exame é essencial no diagnóstico e acompanhamento de diversos tipos de câncer.
imunotera
Por Gustavo Schvartsman 3 de setembro de 2025
A imunoterapia revolucionou o tratamento do câncer ao estimular o próprio sistema imunológico do paciente a combater as células tumorais. Diferente da quimioterapia e da radioterapia, que agem diretamente sobre o tumor, a imunoterapia fortalece as defesas naturais do organismo. Mas será que a imunoterapia funciona em todo câncer? A resposta exige uma análise cuidadosa sobre o funcionamento da técnica, os tipos de tumores que mais respondem ao tratamento e as limitações ainda existentes. Continue a leitura para entender como a imunoterapia funciona, quais pacientes podem se beneficiar e o que a ciência já descobriu até agora. O que é imunoterapia? A imunoterapia é uma forma de tratamento que estimula o sistema imunológico do próprio paciente a reconhecer e combater as células cancerígenas. Ela funciona como uma espécie de “reeducação” das defesas naturais do corpo, ajudando-as a identificar e atacar o tumor com mais precisão. Existem diferentes tipos de imunoterapia utilizados na prática clínica, como: Inibidores de checkpoint imunológico, que liberam os “freios” do sistema imune (ex.: anti-PD-1, PD-L1 e CTLA-4) Terapias com células T, incluindo as células CAR-T Vacinas terapêuticas, desenvolvidas para estimular respostas específicas contra o câncer Citocinas, como interleucinas e interferons, que aumentam a resposta imune Anticorpos monoclonais , que reconhecem alvos específicos nas células tumorais A proposta é tornar o sistema imunológico mais ativo e eficaz contra tumores que, muitas vezes, conseguem escapar da vigilância natural do organismo. Imunoterapia funciona em todo câncer? Não. Apesar dos avanços recentes, a imunoterapia não funciona em todo câncer . A resposta ao tratamento depende de características específicas de cada tumor, como: Expressão de biomarcadores, como PD-L1 Carga mutacional elevada (TMB) Presença de inflamação no microambiente tumoral (“tumores quentes”) Instabilidade de microssatélites (MSI-H) Em resumo, a eficácia da imunoterapia está diretamente ligada ao perfil biológico do câncer. Ainda não existe uma solução universal, mas as indicações têm crescido com o avanço das pesquisas. Por isso, é fundamental que todos os tipos de tumor sejam testados adequadamente para avaliar o potencial benefício da imunoterapia, mesmo os subtipos com menor probabilidade de eficácia. Como exemplo, já tive pacientes com câncer de mama que não eram elegíveis à imunoterapia por serem hormônio-positivos, porém com rara carga mutacional altíssima, que viabilizou o tratamento bem-sucedido. Assista ao vídeo:
alimentação durante o tratamento oncológico
Por Gustavo Schvartsman 20 de agosto de 2025
Conheça os principais mitos e verdades sobre a alimentação durante o tratamento oncológico e saiba como manter uma dieta segura e equilibrada.
o câncer é hereditário
Por Gustavo Schvartsman 13 de agosto de 2025
Você já se perguntou se o câncer é hereditário? Entenda quando o risco é genético, quem deve fazer testes e como agir para prevenir e monitorar.
medicamentos oncológicos sus
Por Gustavo Schvartsman 6 de agosto de 2025
Saiba se é possível obter medicamentos oncológicos de alto custo pelo SUS ou planos de saúde, e entenda seus direitos no tratamento contra o câncer no Brasil.
câncer de mama triplo negativo
Por Gustavo Schvartsman 30 de julho de 2025
Conheça os tratamentos mais modernos para câncer de mama triplo negativo e descubra quais terapias têm mostrado melhores resultados nos últimos anos.