O que é imunoterapia?

Gustavo Schvartsman • 23 de maio de 2025

A imunoterapia é um tratamento oncológico que usa o próprio sistema imunológico do paciente para combater o câncer. Diferente da quimioterapia ou radioterapia, que atacam diretamente as células cancerígenas, a imunoterapia visa fortalecer o sistema imunológico para reconhecer e destruir as células tumorais de maneira mais eficaz. Esse método, que ganhou força nos últimos anos, tem se mostrado eficaz em vários tipos de câncer, incluindo melanoma, câncer de pulmão e câncer renal.


Neste artigo, explicaremos
o que é imunoterapia, como ela funciona, os principais tipos, e quais são os benefícios desse tratamento. Continue lendo para saber mais sobre essa abordagem inovadora que está transformando o tratamento do câncer.


Como funciona a imunoterapia?


A
imunoterapia atua ao estimular ou restaurar a capacidade do sistema imunológico de reconhecer e combater o câncer. O corpo humano possui um sistema de defesa sofisticado capaz de identificar e eliminar células anormais, incluindo as cancerígenas. Contudo, alguns tipos de câncer conseguem desenvolver mecanismos que evitam essa detecção. A imunoterapia "reprograma" o sistema imunológico, permitindo que ele ataque essas células.

Seus mecanismos de ação são:

Estimulação direta do sistema imunológico: Certas formas de imunoterapia ativam o sistema de defesa como um todo, aumentando sua resposta contra as células tumorais.


Inibidores de checkpoint imunológico:
Essa terapia bloqueia proteínas que restringem a ação das células T, que são essenciais na resposta imunológica. Ao inibir essas proteínas, as células T podem combater o câncer com maior eficácia.


Terapia com células T modificadas:
Neste método, células T do próprio paciente são removidas, modificadas geneticamente para reconhecer melhor as células cancerosas, e então reintroduzidas no corpo para atacar o tumor de forma mais eficaz.


Assista:



Principais tipos de imunoterapia


A imunoterapia abrange diferentes abordagens, cada uma com um mecanismo específico de ação. A seguir, os principais tipos:


Inibidores de checkpoint imunológico


Medicamentos como pembrolizumabe e nivolumabe bloqueiam proteínas como
PD-1 e CTLA-4, que normalmente limitam a ação das células imunológicas. Ao inibir essas proteínas, a imunoterapia "desativa" os freios do sistema imunológico, permitindo que ele ataque o tumor de maneira mais eficaz.


Vacinas contra o câncer


Diferentes das vacinas preventivas, essas são terapêuticas. Elas treinam o sistema imunológico para
reconhecer proteínas específicas nas células cancerosas, ajudando a destruir o tumor com maior precisão. As vacinas com tecnologias antigas infelizmente nunca trouxeram resultados concretos, porém a utilização da técnica de mRNA (a mesma da vacina do COVID-19) já mostra resultados muito promissores nos estudos iniciais.


Terapias com células CAR-T


Neste tratamento, as células T do paciente são retiradas, modificadas geneticamente em laboratório para
reconhecer marcadores específicos no câncer e, em seguida, reinfundidas no corpo. Essas células modificadas atacam as células tumorais com maior eficácia. Tem grande eficácia para tumores hematológicos, como leucemias e linfomas, cujas células partilham as mesmas proteínas de forma mais homogênea, sendo excelentes alvos. Em tumores sólidos, a tecnologia está avançando com a descoberta de alvos comuns, que não sejam expressos em células normais.

Terapias com células TILs (Tumor Infiltrating Lymphocytes)


Neste tratamento, diferente das CAR-T cells, não há modificação genética da célula T. As células são removidas diretamente de uma metástase tumoral, que tem que ser ressecada. São células que já tem reatividade contra o tumor, porém estão escassas e foram levadas à exaustão dentro do microambiente tumoral. A manipulação em laboratório consiste em expandi-las ao número de bilhões de células jovens e vigorosas, e então infundi-las no paciente. Esse tratamento tem grande eficácia para melanomas, e vem em testes para outros tumores, como de pulmão, ovário e rins.


Citocinas


As citocinas são proteínas que regulam e intensificam a resposta imunológica.
Interleucinas e interferons são exemplos de citocinas usadas na imunoterapia, pois estimulam as células de defesa a combater o câncer de forma mais ativa.


Benefícios da imunoterapia


A imunoterapia oferece diversas vantagens em relação aos tratamentos convencionais.


  • Menos efeitos colaterais sistêmicos

Ao contrário da quimioterapia, que atinge tanto células saudáveis quanto cancerígenas, a imunoterapia é mais direcionada, resultando em menores efeitos colaterais como náuseas, fadiga e queda de cabelo.


  • Resposta duradoura

Em muitos casos, o sistema imunológico continua combatendo as células cancerosas mesmo após o término do tratamento, o que pode proporcionar remissões mais prolongadas.


  • Eficácia em cânceres avançados

A imunoterapia tem mostrado resultados promissores em pacientes com cânceres avançados ou metastáticos, trazendo novas opções para aqueles que não respondem bem aos tratamentos tradicionais.


Quem é indicado para a imunoterapia?


Nem todos os pacientes são indicados para imunoterapia. Antes de iniciar o tratamento, são realizados
testes para identificar biomarcadores, como a proteína PD-L1, que indicam a possibilidade de resposta positiva ao tratamento.


A imunoterapia é geralmente recomendada para pacientes com
cânceres avançados ou metastáticos que não tiveram sucesso com outras abordagens terapêuticas, ou mesmo como a primeira opção de tratamento.


Outras indicações, c
hamadas tumor-agnósticas, não dependem de onde surgiu o câncer, mas sim de biomarcadores que podem ser compartilhados por vários tumores. É o caso da alta carga mutacional (Tumor Mutation Burden, ou TMB), onde pembrolizumabe está aprovado para tumores que possuem TMB > 10 mut/Mb, e para tumores com instabilidade de microssatélites (MSI-High). Esses biomarcadores são pesquisados através de sequenciamento molecular de nova geração (Next Generation Sequencing, ou NGS), uma importante plataforma diagnóstica em cânceres avançados.


Efeitos colaterais da imunoterapia


Embora a imunoterapia seja geralmente menos tóxica do que a quimioterapia, ela ainda
pode causar efeitos colaterais devido ao aumento da atividade do sistema imunológico, o que pode gerar inflamações em órgãos saudáveis. Os efeitos colaterais mais comuns incluem fadiga, sintomas semelhantes aos da gripe, erupções cutâneas e inflamação nos pulmões, fígado ou intestinos.


É fundamental que os pacientes sejam
monitorados regularmente para que qualquer efeito adverso seja rapidamente identificado e tratado.


Desafios da imunoterapia


Apesar dos benefícios, a imunoterapia enfrenta alguns desafios.
Nem todos os pacientes respondem ao tratamento, e o custo pode ser um obstáculo.


Além disso, certos tipos de câncer não expressam os biomarcadores necessários para que o tratamento seja eficaz. Outro desafio é a possibilidade de reações autoimunes, onde o sistema imunológico acaba atacando tecidos saudáveis do corpo.


Perguntas frequentes


O que é imunoterapia e para que serve?

A imunoterapia é um tratamento que usa o sistema imunológico para combater o câncer, ajudando as células imunológicas a identificar e destruir células cancerosas.


Como é feito o tratamento de imunoterapia?

A imunoterapia é administrada por via intravenosa ou oral, estimulando o sistema imunológico a combater o câncer. O tratamento pode ocorrer em ciclos, com monitoramento regular.


Quando é necessário fazer imunoterapia?

A imunoterapia é indicada para tratar certos tipos de câncer avançado ou metastático, especialmente quando outros tratamentos não são eficazes.


Qual é a diferença entre quimioterapia e imunoterapia?

A quimioterapia ataca diretamente as células cancerosas e saudáveis, enquanto a imunoterapia estimula o sistema imunológico a atacar as células cancerosas de forma mais específica.


Para quais tipos de câncer a imunoterapia é indicada?

A imunoterapia é usada em cânceres como melanoma, câncer de pulmão, bexiga, rim, cabeça e pescoço, e em muitas outras indicações (hoje, mais de 30), dependendo das características do tumor.


Quanto tempo dura a aplicação da imunoterapia?

Cada sessão de imunoterapia pode durar de 30 minutos a várias horas, dependendo do tipo de medicamento administrado, e os ciclos variam conforme o tratamento.


Imunoterapia pode curar o câncer?

Em alguns casos, a imunoterapia pode levar à remissão prolongada ou até cura, especialmente em melanomas e cânceres de pulmão, mas os resultados variam entre os pacientes.


Se a imunoterapia falhar, quais são as opções a seguir?

Se a imunoterapia não funcionar, outras terapias, como quimioterapia ou terapias-alvo, podem ser exploradas, dependendo do tipo de câncer e do estado do paciente.


Imunoterapia em São Paulo


A imunoterapia é uma inovação significativa no tratamento do câncer, oferecendo esperança a pacientes com poucos recursos terapêuticos disponíveis. Ela fortalece o sistema imunológico do corpo para combater o câncer de maneira mais eficaz e com menos efeitos colaterais em comparação aos tratamentos tradicionais. No entanto, como em qualquer tratamento,
é fundamental que o paciente seja bem avaliado para garantir a melhor abordagem.

Você conhecia todos esses detalhes sobre o que é imunoterapia? Você está considerando este tipo de tratamento? Compartilhe sua experiência nos comentários!


Se você está em busca de um especialista em oncologia clínica com experiência em imunoterapia, sou o Dr. Gustavo Schvartsman, formado pela Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo e com especialização no MD Anderson Cancer Center, possuo experiência internacional e um forte foco em imunoterapia. Atuo no Hospital Israelita Albert Einstein, e ofereço tratamentos personalizados, incluindo terapias de última geração e um cuidado integral, garantindo que cada paciente receba as melhores opções de tratamento disponíveis. Para mais informações acesse o site ou clique aqui para agendar uma consulta.


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A imunoterapia revolucionou o tratamento do câncer ao estimular o próprio sistema imunológico do paciente a combater as células tumorais. Diferente da quimioterapia e da radioterapia, que agem diretamente sobre o tumor, a imunoterapia fortalece as defesas naturais do organismo. Mas será que a imunoterapia funciona em todo câncer? A resposta exige uma análise cuidadosa sobre o funcionamento da técnica, os tipos de tumores que mais respondem ao tratamento e as limitações ainda existentes. Continue a leitura para entender como a imunoterapia funciona, quais pacientes podem se beneficiar e o que a ciência já descobriu até agora. O que é imunoterapia? A imunoterapia é uma forma de tratamento que estimula o sistema imunológico do próprio paciente a reconhecer e combater as células cancerígenas. Ela funciona como uma espécie de “reeducação” das defesas naturais do corpo, ajudando-as a identificar e atacar o tumor com mais precisão. Existem diferentes tipos de imunoterapia utilizados na prática clínica, como: Inibidores de checkpoint imunológico, que liberam os “freios” do sistema imune (ex.: anti-PD-1, PD-L1 e CTLA-4) Terapias com células T, incluindo as células CAR-T Vacinas terapêuticas, desenvolvidas para estimular respostas específicas contra o câncer Citocinas, como interleucinas e interferons, que aumentam a resposta imune Anticorpos monoclonais , que reconhecem alvos específicos nas células tumorais A proposta é tornar o sistema imunológico mais ativo e eficaz contra tumores que, muitas vezes, conseguem escapar da vigilância natural do organismo. Imunoterapia funciona em todo câncer? Não. Apesar dos avanços recentes, a imunoterapia não funciona em todo câncer . A resposta ao tratamento depende de características específicas de cada tumor, como: Expressão de biomarcadores, como PD-L1 Carga mutacional elevada (TMB) Presença de inflamação no microambiente tumoral (“tumores quentes”) Instabilidade de microssatélites (MSI-H) Em resumo, a eficácia da imunoterapia está diretamente ligada ao perfil biológico do câncer. Ainda não existe uma solução universal, mas as indicações têm crescido com o avanço das pesquisas. Por isso, é fundamental que todos os tipos de tumor sejam testados adequadamente para avaliar o potencial benefício da imunoterapia, mesmo os subtipos com menor probabilidade de eficácia. Como exemplo, já tive pacientes com câncer de mama que não eram elegíveis à imunoterapia por serem hormônio-positivos, porém com rara carga mutacional altíssima, que viabilizou o tratamento bem-sucedido. Assista ao vídeo:
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