Imunoterapia para melanoma: Como funciona esse tratamento?

Gustavo Schvartsman • 14 de fevereiro de 2025

O melanoma é um dos tipos mais agressivos de câncer de pele, e a imunoterapia tem transformado o tratamento dessa doença, especialmente em casos avançados ou metastáticos. Esta abordagem terapêutica utiliza o sistema imunológico do paciente para combater as células cancerígenas, oferecendo uma alternativa mais direcionada em comparação com tratamentos tradicionais, como quimioterapia e radioterapia.


Neste artigo, entenda como funciona a
imunoterapia para melanoma, seus principais benefícios e quando é indicada.


O que é a imunoterapia para melanoma?


A
imunoterapia é um tratamento que aproveita o sistema imunológico do próprio paciente para reconhecer e eliminar células tumorais. No tratamento do melanoma, a imunoterapia estimula as células T, responsáveis por identificar e combater ameaças ao organismo, como infecções e células anormais, incluindo as cancerosas.


Ao contrário da quimioterapia, que ataca tanto células cancerosas quanto saudáveis, a imunoterapia visa
aprimorar a capacidade natural do corpo de detectar e destruir células tumorais, tornando o tratamento mais preciso e causando menos danos aos tecidos saudáveis ao redor.


Assista ao vídeo:

Tipos de imunoterapia utilizados no tratamento do melanoma


A imunoterapia para melanoma utiliza diferentes abordagens, que
podem ser aplicadas isoladamente ou combinadas, dependendo do estágio da doença e da resposta individual do paciente. A seguir, estão os principais tipos:


Inibidores de checkpoint imunológico


Esses medicamentos atuam
removendo os "freios" que impedem as células T de atacar o câncer. Melanomas frequentemente produzem proteínas, como PD-L1, que "enganam" o sistema imunológico, bloqueando a ação das células T. Inibidores como nivolumabe e pembrolizumabe bloqueiam essa via, permitindo que o sistema imunológico atue de maneira mais eficaz contra o tumor.


Terapia com células T modificadas


Nesta abordagem,
as células T do próprio paciente são retiradas, modificadas geneticamente em laboratório para melhorar sua capacidade de reconhecer e destruir as células cancerosas, e depois reinjetadas no corpo. Isso fortalece a resposta imunológica contra o melanoma.


Vacinas terapêuticas


Diferente das vacinas convencionais, essas vacinas são projetadas para
tratar o melanoma ao estimular o sistema imunológico a reconhecer e atacar células cancerígenas específicas. Elas ajudam o corpo a identificar as células do melanoma com maior precisão, promovendo uma resposta mais eficaz.


Como a imunoterapia funciona em pacientes com melanoma


A imunoterapia atua
potencializando a capacidade natural do corpo de combater o câncer. O melanoma, devido à sua natureza agressiva e rápida disseminação (metástase), pode ser desafiador para os tratamentos convencionais. A imunoterapia oferece uma abordagem mais direcionada, fortalecendo o sistema imunológico para atacar as células cancerosas em diferentes regiões do corpo.


Mecanismo de ação


Inibidores de checkpoint imunológico:
Melanomas produzem proteínas que bloqueiam a ação das células imunológicas. A imunoterapia interrompe essa interação, permitindo que o sistema imunológico reaja com mais eficácia. Hoje estão disponíveis no Brasil o pembrolizumabe, nivolumabe, ipilimumabe e nivolumabe/relatlimabe. 


Terapia celular:
um tratamento conhecido como TILs (tumor-infiltrating lymphocytes) envolve uma ressecção de metástase, isolamento e expansão dos linfócitos que habitam dentro do tumor no laboratório, e reinfusão dessas células, agora ao número de bilhões, de volta no paciente. Esse tratamento ainda é indisponível no Brasil.


Vacinas:
as vacinas mais modernas, com tecnologia de RNA mensageiro, estão em desenvolvimento para melanoma, com resultados preliminares muito promissores. Utilizam os antígenos do próprio tumor do paciente como molde para o desenvolvimento da vacina, sendo altamente personalizada.


Terapias intralesionais:
outra modalidade de imunoterapia indisponível no Brasil. O T-VEC, aprovado nos países desenvolvidos, é um vírus da família do Herpes modificado com poder de destruir células cancerosas. É injetado diretamente no tumor, em lesões cutâneas, subcutâneas ou linfonodos. Lá, destroi as células e recruta o sistema imune, que pode passar a reconhecer as células do melanoma em outros locais não injetados. 


Esses mecanismos tornam a imunoterapia
uma das abordagens mais promissoras para tratar melanomas avançados e metastáticos, especialmente quando outros tratamentos não surtiram efeito.


Quando a imunoterapia é indicada?


A imunoterapia é recomendada principalmente para pacientes com
melanoma avançado, metastático ou recorrente, que não respondem adequadamente à cirurgia ou a outros tratamentos. Em muitos casos, ela é utilizada como primeira linha de tratamento, especialmente quando o melanoma apresenta certas características, como a alta expressão de PD-L1.


Os principais cenários para indicação incluem:


  • Melanoma metastático: Quando o melanoma já se espalhou para outras áreas do corpo.
  • Melanoma não operável: Quando a remoção cirúrgica do tumor não é possível.
  • Tumores operados com invasão de linfonodos: tumores em estágio II ou III podem ter risco elevado de recidiva e se beneficiar da imunoterapia preventiva.
  • Tumores com invasão de linfonodos antes de operar: O tratamento neoadjuvante (pré-operatório) é mais eficaz que o mesmo tratamento após a cirurgia..


Benefícios da imunoterapia no tratamento de melanoma


A imunoterapia para melanoma oferece diversos benefícios importantes:


Eficácia prolongada

Muitos pacientes experimentam respostas duradouras, com o câncer sendo mantido sob controle por anos após o tratamento, mesmo após descontinuar o tratamento.


Menos efeitos colaterais

Por ser um tratamento mais direcionado, a imunoterapia geralmente causa menos efeitos colaterais sistêmicos, como náuseas, fadiga e queda de cabelo, comparado à quimioterapia.


Ação prolongada do sistema imunológico

Mesmo após o fim do tratamento, o sistema imunológico continua a combater as células cancerígenas, aumentando as chances de remissão a longo prazo.


Efeitos colaterais da imunoterapia para melanoma


Embora a imunoterapia seja geralmente bem tolerada,
pode causar alguns efeitos colaterais, principalmente devido à ativação excessiva do sistema imunológico. Os efeitos mais comuns incluem:



  • Fadiga;
  • Erupções cutâneas;
  • Inflamação em órgãos, como fígado e pulmões;
  • Sintomas semelhantes aos da gripe.


Esses efeitos colaterais
costumam ser controláveis e, em geral, são menos intensos do que aqueles provocados por tratamentos como a quimioterapia. Porém, podem ser graves e exigem acompanhamento rigoroso do oncologista em consultas e com exames laboratoriais.


Perguntas frequentes


O que é imunoterapia para melanoma?

A imunoterapia para melanoma é um tratamento que estimula o sistema imunológico a identificar e combater células cancerígenas de melanoma, utilizando o próprio sistema de defesa do corpo.


Quando a imunoterapia é indicada para melanoma?

É indicada para melanomas avançados, metastáticos ou que não podem ser removidos cirurgicamente, especialmente quando o paciente não responde a outros tratamentos.


Quanto tempo dura o tratamento de imunoterapia para melanoma?

O tempo varia, dependendo da resposta do paciente, mas o tratamento pode durar vários meses ou até anos, com monitoramento regular para avaliar a resposta.


A imunoterapia pode curar o melanoma?

Embora não seja uma cura garantida, a imunoterapia pode controlar o melanoma por longos períodos e, em alguns casos, levar à remissão completa.


Quem é candidato à imunoterapia para melanoma?

Pacientes com melanoma avançado, metastático ou recidivante, com características como alta expressão de PD-L1, geralmente são bons candidatos para imunoterapia.


A imunoterapia é usada sozinha ou em combinação com outros tratamentos?

A imunoterapia pode ser usada sozinha ou em combinação com outras terapias, como cirurgia ou radioterapia, dependendo do estágio e da localização do melanoma.


A imunoterapia para melanoma funciona para todos os pacientes?

Não, nem todos os pacientes respondem à imunoterapia. O sucesso do tratamento depende de fatores como a expressão de biomarcadores, o estado geral de saúde e a carga mutacional do tumor.


Quanto tempo leva para a imunoterapia começar a mostrar resultados no melanoma?

O tempo para observar uma resposta varia, mas a imunoterapia pode levar algumas semanas ou meses para começar a mostrar efeitos perceptíveis. O progresso é monitorado regularmente com exames de imagem.


Se a imunoterapia funcionar, posso parar o tratamento?

Mesmo após uma resposta positiva ao tratamento, a imunoterapia pode ser continuada para manter a resposta imunológica e prevenir a recidiva. O plano será ajustado de acordo com os resultados e a avaliação do oncologista.


A imunoterapia pode ser combinada com terapias-alvo no tratamento de melanoma?

Sim, em alguns casos, a imunoterapia pode ser combinada com terapias-alvo ou outras opções de tratamento, como inibidores de BRAF e MEK, para aumentar a eficácia em pacientes com mutações genéticas específicas.


Existe a possibilidade de meu sistema imunológico rejeitar a imunoterapia?

Embora a imunoterapia seja projetada para fortalecer o sistema imunológico, existe a possibilidade de efeitos adversos, como reações autoimunes, onde o sistema imunológico ataca tecidos saudáveis. Esses efeitos são monitorados de perto.


Conclusão | Imunoterapia em São Paulo


A imunoterapia para melanoma representa uma grande evolução no tratamento desse tipo de câncer, especialmente em casos avançados. Com uma abordagem que fortalece o sistema imunológico para reconhecer e combater as células tumorais, a imunoterapia oferece novas esperanças para pacientes que enfrentam o melanoma metastático. No entanto,
é fundamental que o tratamento seja orientado por um oncologista, que avaliará se o paciente é um bom candidato com base em biomarcadores e outros fatores.


Se você está em busca de um especialista em oncologia clínica, sou o Dr. Gustavo Schvartsman. Minha formação inclui a Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo e especialização no renomado MD Anderson Cancer Center, onde adquiri experiência internacional e desenvolvi um forte foco em imunoterapia. Atuo no Hospital Israelita Albert Einstein, oferecendo tratamentos personalizados, terapias inovadoras e um cuidado integral, sempre com o objetivo de proporcionar as melhores opções para cada paciente. Meu compromisso é que cada paciente receba o melhor cuidado possível e as opções de tratamento mais adequadas para seu caso. Para mais informações, acesse o meu site ou clique aqui para agendar uma consulta.

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Por Gustavo Schvartsman 3 de setembro de 2025
A imunoterapia revolucionou o tratamento do câncer ao estimular o próprio sistema imunológico do paciente a combater as células tumorais. Diferente da quimioterapia e da radioterapia, que agem diretamente sobre o tumor, a imunoterapia fortalece as defesas naturais do organismo. Mas será que a imunoterapia funciona em todo câncer? A resposta exige uma análise cuidadosa sobre o funcionamento da técnica, os tipos de tumores que mais respondem ao tratamento e as limitações ainda existentes. Continue a leitura para entender como a imunoterapia funciona, quais pacientes podem se beneficiar e o que a ciência já descobriu até agora. O que é imunoterapia? A imunoterapia é uma forma de tratamento que estimula o sistema imunológico do próprio paciente a reconhecer e combater as células cancerígenas. Ela funciona como uma espécie de “reeducação” das defesas naturais do corpo, ajudando-as a identificar e atacar o tumor com mais precisão. Existem diferentes tipos de imunoterapia utilizados na prática clínica, como: Inibidores de checkpoint imunológico, que liberam os “freios” do sistema imune (ex.: anti-PD-1, PD-L1 e CTLA-4) Terapias com células T, incluindo as células CAR-T Vacinas terapêuticas, desenvolvidas para estimular respostas específicas contra o câncer Citocinas, como interleucinas e interferons, que aumentam a resposta imune Anticorpos monoclonais , que reconhecem alvos específicos nas células tumorais A proposta é tornar o sistema imunológico mais ativo e eficaz contra tumores que, muitas vezes, conseguem escapar da vigilância natural do organismo. Imunoterapia funciona em todo câncer? Não. Apesar dos avanços recentes, a imunoterapia não funciona em todo câncer . A resposta ao tratamento depende de características específicas de cada tumor, como: Expressão de biomarcadores, como PD-L1 Carga mutacional elevada (TMB) Presença de inflamação no microambiente tumoral (“tumores quentes”) Instabilidade de microssatélites (MSI-H) Em resumo, a eficácia da imunoterapia está diretamente ligada ao perfil biológico do câncer. Ainda não existe uma solução universal, mas as indicações têm crescido com o avanço das pesquisas. Por isso, é fundamental que todos os tipos de tumor sejam testados adequadamente para avaliar o potencial benefício da imunoterapia, mesmo os subtipos com menor probabilidade de eficácia. Como exemplo, já tive pacientes com câncer de mama que não eram elegíveis à imunoterapia por serem hormônio-positivos, porém com rara carga mutacional altíssima, que viabilizou o tratamento bem-sucedido. Assista ao vídeo:
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