Sobrevivendo ao câncer: O impacto social e emocional

Dr. Gustavo Schvartsman • 9 de setembro de 2018

Quase todos os sobreviventes de câncer enfrentam problemas psicológicos, emocionais e familiares/conjugais, muitas vezes até anos após o término do tratamento.

 

A principal mensagem é ter a certeza de que você não precisa carregar esse fardo sozinho. O primeiro passo para lidar com as mudanças psicossociais é ter a consciência de que buscar ajuda é não só esperado, mas saudável. Existem diversos canais para compartilhar angústias e experiências, como terapia, grupos de apoio, mídias sociais. Mais recentemente, no Brasil, o Hospital Israelita Albert Einstein desenvolveu o primeiro programa de reabilitação pós-tratamento de câncer, o survivorship, que tem como objetivo facilitar a reinserção do paciente no convívio social e mercado de trabalho e inclui o acompanhamento com médico especializado em medicina integrativa, nutricionista, psicólogo, enfermeira navegadora e terapeuta corporal/health coach.

 

Problemas psicossociais mais comuns que os sobreviventes de câncer podem lidar:

 

Medo de que o câncer retorne:

Muitos sobreviventes temem que o câncer volte em algum momento. O simples fato de ter que se imaginar passando por tudo novamente pode desencadear esse sentimento. É importante discutir com seu oncologista sobre os resultados do tratamento e os riscos de recidiva. Ter a certeza de que se fez tudo de maneira adequada, e embarcar em um estilo de vida saudável no pós-câncer é imprescindível para se superar essa fase. É natural que haja preocupação, pois há de fato chances (que podem variar de acordo com o tipo de tumor e estágio) de que o câncer retorne. É precisamente por esse motivo que existem protocolos de seguimento, cujo objetivo é detectar recidivas durante o período em que elas mais tendem a aparecer. Seguindo as orientações do seu médico, não há mais nada que o paciente precise fazer, exceto viver sua vida tão merecidamente conquistada com leveza e qualidade.

 

Perda de funcionalidade:

Problemas crônicos como sequelas físicas e psicológicas do tratamento podem atrapalhar a vida posterior ao tratamento. Incluem dependência física, perda de libido e fertilidade, dores crônicas. Procurar ajuda especializada para minimizar o que for passível de melhora pode atenuar esse sofrimento e facilitar a reinserção no mundo.

 

Depressão:

Estima-se que 70% dos sobreviventes de câncer sofrem de depressão em algum momento. Os sintomas da depressão incluem cansaço constante, falta de prazer e energia para as atividades do dia-a-dia, perda/ganho de peso, irritabilidade e alterações da qualidade do sono. Muitos desses sintomas se confundem com os sintomas remanescentes do próprio tratamento, e, se persistirem, podem ser indícios de depressão. Procure auxílio o mais rápido possível se esse for o caso.

 

Imagem corporal:

Os sobreviventes de câncer que sofreram amputações, desfiguração ou uma grande mudança na função física podem sofrer de falta de auto-estima. O acompanhamento com equipe especializada em funcionalidade, com fisiatra, fisioterapeuta e cirurgião plástico é importante. Vivemos em uma sociedade que ainda valoriza muito a estética, as vezes até mais do que a própria saúde. Ser honesto, aceitar o seu corpo e reafirmar o que de fato tem valor na vida é muito importante. A comunicação com familiares e amigos é fundamental.

 

Espiritualidade:

É significativa a mudança espiritual por que muitos sobreviventes (e familiares) passam após superar um câncer.  Há um processo intenso de auto-conhecimento, revisão de valores e processos, e de círculo social. Pesquisas sugerem que a espiritualidade melhora a qualidade de vida por meio de uma forte rede de apoio social, enfrentamento adaptativo, depressão diminuída e melhor função fisiológica. Nossa sugestão é que abracem essa mudança, e que disseminem essas reflexões para as pessoas que afortunadamente não enfrentaram um câncer possam incorporar em suas vidas sem uma disrupção tão grande.

 

Culpa de sobrevivente:

Algumas pessoas se perguntam porque sobreviveram ao câncer quando outras não. Se você sofre de um sentimento prolongado de culpa, procure auxílio. Um canal muito utilizado e que traz grande satisfação é a filantropia. Devolver à sociedade traz um sentido ao sobrevivente, de que sua experiência pode ajudar o próximo. Há diversas maneiras, desde apenas compartilhar vivências, até ações sociais, doação de roupas, acessórios, cabelo, doações à ONGs e/ou entidades de pesquisa em câncer.

 

Relacionamentos:

Você pode descobrir que amigos, colegas de trabalho e familiares tratam você de maneira diferente após um diagnóstico de câncer. Eles podem evitar você ou não discutir seu diagnóstico. Falar abertamente sobre seu tratamento trará transparência e derrubará uma barreira entre você e as pessoas ao seu redor. Além disso, pode facilitar a busca por novos relacionamentos, e inclusive conectá-los a outros sobreviventes.

 

Trabalho:

Há uma grande dificuldade entre os sobreviventes de câncer de retornar às suas atividades laborais. A reabilitação física e psicológica adequada ajuda no retorno precoce, que, por sua vez, ajuda na contínua reabilitação e reinserção no mundo. Muitos sentem que não podem mais se relacionar com colegas de trabalho que não tiveram câncer. Você pode estar relutante em falar sobre seu tratamento contra o câncer para empregadores ou colegas de trabalho por medo de ser tratado de forma diferente. Novamente, a transparência é sempre preferível. Veja se o seu empregador tem um grupo de apoio ou outros recursos para sobreviventes de câncer. Um health coach é uma boa alternativa para casos onde há maior dificuldade.


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A imunoterapia revolucionou o tratamento do câncer ao estimular o próprio sistema imunológico do paciente a combater as células tumorais. Diferente da quimioterapia e da radioterapia, que agem diretamente sobre o tumor, a imunoterapia fortalece as defesas naturais do organismo. Mas será que a imunoterapia funciona em todo câncer? A resposta exige uma análise cuidadosa sobre o funcionamento da técnica, os tipos de tumores que mais respondem ao tratamento e as limitações ainda existentes. Continue a leitura para entender como a imunoterapia funciona, quais pacientes podem se beneficiar e o que a ciência já descobriu até agora. O que é imunoterapia? A imunoterapia é uma forma de tratamento que estimula o sistema imunológico do próprio paciente a reconhecer e combater as células cancerígenas. Ela funciona como uma espécie de “reeducação” das defesas naturais do corpo, ajudando-as a identificar e atacar o tumor com mais precisão. Existem diferentes tipos de imunoterapia utilizados na prática clínica, como: Inibidores de checkpoint imunológico, que liberam os “freios” do sistema imune (ex.: anti-PD-1, PD-L1 e CTLA-4) Terapias com células T, incluindo as células CAR-T Vacinas terapêuticas, desenvolvidas para estimular respostas específicas contra o câncer Citocinas, como interleucinas e interferons, que aumentam a resposta imune Anticorpos monoclonais , que reconhecem alvos específicos nas células tumorais A proposta é tornar o sistema imunológico mais ativo e eficaz contra tumores que, muitas vezes, conseguem escapar da vigilância natural do organismo. Imunoterapia funciona em todo câncer? Não. Apesar dos avanços recentes, a imunoterapia não funciona em todo câncer . A resposta ao tratamento depende de características específicas de cada tumor, como: Expressão de biomarcadores, como PD-L1 Carga mutacional elevada (TMB) Presença de inflamação no microambiente tumoral (“tumores quentes”) Instabilidade de microssatélites (MSI-H) Em resumo, a eficácia da imunoterapia está diretamente ligada ao perfil biológico do câncer. Ainda não existe uma solução universal, mas as indicações têm crescido com o avanço das pesquisas. Por isso, é fundamental que todos os tipos de tumor sejam testados adequadamente para avaliar o potencial benefício da imunoterapia, mesmo os subtipos com menor probabilidade de eficácia. Como exemplo, já tive pacientes com câncer de mama que não eram elegíveis à imunoterapia por serem hormônio-positivos, porém com rara carga mutacional altíssima, que viabilizou o tratamento bem-sucedido. Assista ao vídeo:
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