PET-CT como funciona? Entenda a importância no acompanhamento oncológico

Gustavo Schvartsman • 9 de setembro de 2025

No tratamento do câncer, ter um diagnóstico preciso e acompanhar a resposta às terapias com clareza faz toda a diferença. Um dos exames mais avançados nesse contexto é o PET-CT, uma ferramenta que une duas tecnologias para oferecer imagens altamente detalhadas e funcionais do corpo. Mas afinal, como funciona o PET-CT e por que ele é tão importante no acompanhamento oncológico?


Neste artigo, vamos esclarecer essas e outras dúvidas.
Continue a leitura e descubra o que você precisa saber sobre o PET-CT.


O que é o PET-CT


O PET-CT é um exame avançado que combina duas tecnologias poderosas: a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a tomografia computadorizada (CT). Enquanto o PET revela
como as células do corpo estão funcionando, especialmente aquelas com metabolismo mais acelerado, como acontece em muitos tumores, a tomografia fornece imagens detalhadas da anatomia interna. Essa junção permite observar tanto a forma quanto a atividade de um possível câncer, com alto grau de precisão.


Assista:

Como o PET-CT funciona na prática?


Esse exame utiliza uma substância levemente radioativa, comumente um açúcar modificado chamado FDG-18F, que é injetado na veia. As células que consomem mais glicose, como as tumorais,
tendem a absorver mais essa substância. Com isso, é possível identificar focos suspeitos de câncer mesmo em fases iniciais.


O processo do exame acontece em três etapas:

  1. Injeção do radiofármaco: o paciente recebe a substância na veia e aguarda cerca de uma hora.
  2. Aquisição das imagens: com o paciente deitado, o aparelho capta imagens que mostram a anatomia (CT) e a atividade celular (PET).
  3. Análise médica: especialistas avaliam os dados para localizar áreas com comportamento alterado, ajudando no diagnóstico ou monitoramento do câncer.


Esse nível de detalhamento é difícil de alcançar com exames convencionais isolados.


Quais contrastes podem ser usados no PET-CT?


O radiofármaco
mais utilizado é o FDG-18F, um análogo da glicose que destaca áreas de maior consumo energético, típico de muitos tumores. No entanto, existem outros contrastes importantes que ampliam a aplicação do PET-CT em diferentes tipos de câncer:

  • PSMA: voltado principalmente para câncer de próstata, permitindo identificar até pequenas metástases.
  • Dotatato (Ga-68 DOTATATE): utilizado em tumores neuroendócrinos, com alta sensibilidade para esse tipo específico.
  • FAPI: marcador em desenvolvimento que se liga a fibroblastos associados ao câncer, útil em diversos tumores sólidos.
  • FES: usado para avaliar a presença de receptores de estrogênio, especialmente no câncer de mama, auxiliando em decisões terapêuticas.

A escolha do contraste depende do tipo de tumor e do objetivo clínico do exame.


Quando o PET-CT é indicado?


O PET-CT é uma ferramenta essencial na oncologia moderna, sendo utilizado em
diferentes momentos do cuidado oncológico:

  • Avaliar se um nódulo é benigno ou maligno
  • Identificar tumores em estágio inicial e metástases ocultas
  • Estadiar o câncer (entender a extensão da doença)
  • Monitorar a resposta à quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia
  • Investigar possíveis recidivas após o tratamento
  • Auxiliar no planejamento de cirurgias ou radioterapia


Ele é especialmente útil em casos de
câncer de pulmão, linfoma, mama, cólon, cabeça e pescoço, esôfago, melanoma e pâncreas.


Por que o PET-CT é tão importante no tratamento do câncer?


O diferencial do PET-CT está na sua capacidade de avaliar o funcionamento das células e não apenas a aparência delas. Isso permite:

  • Detectar metástases ainda invisíveis em outros exames
  • Saber se o tratamento está funcionando, ao identificar se o tumor segue ativo ou se perdeu atividade
  • Evitar biópsias desnecessárias, ao direcionar com mais precisão os pontos suspeitos
  • Tomar decisões clínicas mais seguras e personalizadas


O uso do PET-CT pode alterar a estratégia de tratamento em cerca de
30% dos casos, o que mostra seu impacto real no cuidado ao paciente. Na minha prática, também utilizo frequentemente para avaliar melhor a resposta ao tratamento, particularmente na presença de metástases ósseas, onde a tomografia e cintilografia óssea são inferiores.


Qual a diferença entre PET-CT e outros exames de imagem?


Muitos exames mostram a forma, tamanho e localização de uma lesão. O PET-CT vai além: mostra também se aquela área está
biologicamente ativa.


Tomografia ou ressonância magnética:
oferecem imagens anatômicas estáticas.


PET-CT:
revela o metabolismo celular, indicando se o tumor está ativo ou inativo.


Essa diferença é crucial quando se quer avaliar, por exemplo, se uma lesão antiga ainda contém células tumorais ou apenas cicatrizes do tratamento anterior.


Existem limitações no PET-CT?


Sim, embora seja um exame extremamente sensível, ele
não serve para todos os tipos de câncer. Tumores com metabolismo mais lento, como alguns cânceres de próstata ou cérebro, podem não captar bem o radiofármaco.


Além disso, o PET-CT pode:

  • Gerar falsos positivos em áreas com infecção ou inflamação
  • Ser contraindicado em gestantes, devido à radiação
  • Exigir preparo rigoroso, como jejum e controle da glicemia
  • Ter custo mais elevado, o que pode limitar o acesso


Por isso, a indicação do exame deve sempre ser feita por um
médico, considerando o contexto clínico de cada paciente. Para evitar a radiação, em alguns pacientes mais jovens que irão necessitar múltiplos exames, indico o PET-RM (PET-ressonância magnética). Essa modalidade tem sensibilidade igual, porém a aquisição das imagens é via ressonância, que não tem radiação. Porém, é um exame mais demorado e muitas vezes não coberto pelo plano de saúde, apesar de custo parecido.


Como se preparar para o PET-CT?


Algumas orientações são importantes para garantir imagens de boa qualidade:

  • Jejum de 4 a 6 horas antes do exame
  • Evitar atividades físicas intensas no dia anterior
  • Comunicar uso de medicamentos, especialmente para diabetes
  • Beber bastante água, salvo contraindicação médica


Essas medidas ajudam a
reduzir interferências nos resultados e aumentam a precisão diagnóstica.


PET-CT é um exame seguro?


Sim
. O PET-CT é considerado seguro e bem tolerado pela maioria dos pacientes. A radiação utilizada é em dose controlada e o material radioativo é eliminado naturalmente em poucas horas, sobretudo pela urina.


Pessoas com
alergia a contraste iodado devem avisar a equipe médica com antecedência, pois alguns protocolos incluem o uso de contraste na parte da tomografia.


PET-CT está disponível no SUS ou nos planos de saúde?


Sim. No Brasil, o PET-CT já é oferecido pelo SUS
em casos específicos, como câncer de pulmão e linfoma. No entanto, a disponibilidade pode variar de acordo com o estado e o hospital.


Nos planos de saúde, o exame é geralmente coberto quando indicado por um médico e fundamentado em evidências científicas, mas costuma precisar de aprovação.


Perguntas frequentes


  • O que é um PET-CT oncológico?

    O PET-CT oncológico é um exame que combina imagens metabólicas e anatômicas para identificar tumores, avaliar metástases e monitorar a resposta ao tratamento.

  • Como é realizado o exame PET-CT?

    O paciente recebe uma injeção de um radiofármaco e aguarda cerca de 60 minutos para absorção. Em seguida, entra no equipamento que realiza as imagens em uma única aquisição.

  • Quanto tempo dura um PET-CT?

    O exame completo leva de 1h30 a 2h, incluindo o tempo de espera após a injeção do radiofármaco e a aquisição das imagens.

  • Qual o preparo que o paciente deve seguir para realizar o exame de PET-CT?

    É necessário jejum de 4 a 6 horas, evitar atividades físicas intensas no dia anterior e informar sobre uso de medicamentos ou diabetes.

  • Qual a diferença entre PET-CT e tomografia?

    A tomografia mostra estruturas anatômicas, enquanto o PET-CT avalia também a atividade metabólica das células, o que permite detectar tumores ativos antes de alterações visíveis.

  • O PET-CT pode detectar metástases?

    Sim. O exame é altamente sensível para identificar metástases mesmo em estágios iniciais, sendo essencial no estadiamento e reavaliação do câncer.

  • O PET-CT pode dar falso positivo?

    Sim. Processos inflamatórios ou infecciosos também podem captar o radiofármaco e simular atividade tumoral, exigindo avaliação médica criteriosa.

  • Quais são as contraindicações do exame PET-CT?

    O exame não é indicado para gestantes, pacientes com glicemia muito elevada ou em casos onde o tipo de tumor tem baixa captação do radiofármaco.

  • Quais os riscos do exame PET-CT?

    O exame é seguro, mas envolve baixa dose de radiação. Reações alérgicas ao contraste são raras e o radiofármaco é eliminado rapidamente do corpo.

  • O PET scan causa claustrofobia?

    Pode causar desconforto em pessoas com claustrofobia, pois o paciente permanece deitado dentro do aparelho por alguns minutos, mas há suporte para tornar a experiência mais tranquila.

  • Qual o valor do exame PET-CT?

    O valor varia conforme a região e o tipo de plano de saúde. Alguns casos são cobertos pelo SUS ou convênios.

  • Quais tipos de câncer o PET-CT pode detectar?

    O exame é indicado principalmente para câncer de pulmão, mama, linfomas, cólon, esôfago, pâncreas, melanoma e tumores de cabeça e pescoço. Ele pode identificar tumores primários, metástases e recidivas.

  • O PET-CT consegue identificar metástases?

    Sim, uma das principais vantagens do PET-CT é sua alta sensibilidade para detectar metástases mesmo quando elas ainda não aparecem em outros exames, contribuindo para um estadiamento mais preciso da doença.

  • A glicose alta pode interferir no resultado do PET-CT?

    Sim. Níveis elevados de glicose competem com o radiofármaco e podem reduzir a captação pelas células tumorais, comprometendo a qualidade do exame. Por isso, é importante o controle glicêmico antes do procedimento.

  • Por que nem todo tumor aparece no PET-CT?

    Alguns tumores têm baixa atividade metabólica ou crescem lentamente, o que reduz a captação do radiofármaco. É o caso de certos cânceres de próstata ou tumores cerebrais, que podem não ser bem visualizados nesse exame.

  • O PET-CT consegue diferenciar tumor ativo de cicatriz ou fibrose?

    Sim. Ao mostrar se a região está metabolicamente ativa, o PET-CT pode distinguir entre uma área de inflamação residual ou cicatriz (metabolicamente inativas) e um tumor ainda ativo.

  • O PET-CT pode ajudar a evitar biópsias desnecessárias?

    Pode, sim. O exame indica com precisão as áreas de maior atividade tumoral, o que permite direcionar a biópsia para os locais mais suspeitos e, em alguns casos, até dispensá-la se o risco for muito baixo.

  • É possível acompanhar a eficácia da quimioterapia com o PET-CT?

    Sim. O exame permite avaliar a redução da atividade metabólica do tumor ao longo do tratamento, ajudando a entender se a terapia está funcionando mesmo antes de alterações visíveis no tamanho da lesão.

  • Por que é necessário jejum antes do PET-CT?

    O jejum ajuda a reduzir os níveis de insulina e glicose no sangue, otimizando a captação do radiofármaco pelas células tumorais e melhorando a qualidade das imagens obtidas.

  • Título ou perguntaQuanto tempo leva para o radiofármaco ser eliminado do corpo?

    O radiofármaco usado no PET-CT é eliminado em poucas horas, principalmente pela urina. Beber bastante água após o exame ajuda a acelerar esse processo.

Especialista em oncologia em São Paulo | Dr. Gustavo Schvartsman


O PET-CT é um exame importante no diagnóstico e acompanhamento do câncer, permitindo uma
avaliação mais completa da doença. Ao combinar imagens anatômicas e funcionais, o exame oferece dados valiosos que auxiliam na escolha do tratamento mais eficaz e no monitoramento preciso da resposta terapêutica. Se você ou alguém próximo está em tratamento oncológico, vale conversar com o oncologista sobre a possibilidade de realizar esse exame.


Se você busca por um oncologista com expertise e experiência, sou o Dr. Gustavo Schvartsman, especialista em oncologia clínica. Formado pela Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo, me especializei no MD Anderson Cancer Center, adquirindo experiência internacional e aprofundando meu foco em imunoterapia. Hoje atuo no Hospital Israelita Albert Einstein, onde ofereço tratamentos personalizados e terapias de última geração. Meu compromisso é garantir que cada paciente receba o melhor cuidado possível e as opções de tratamento mais adequadas para seu caso.


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