Imunoterapia funciona em todo tipo de câncer?

Gustavo Schvartsman • 3 de setembro de 2025

A imunoterapia revolucionou o tratamento do câncer ao estimular o próprio sistema imunológico do paciente a combater as células tumorais. Diferente da quimioterapia e da radioterapia, que agem diretamente sobre o tumor, a imunoterapia fortalece as defesas naturais do organismo. Mas será que a imunoterapia funciona em todo câncer?


A resposta exige uma análise cuidadosa sobre o funcionamento da técnica, os tipos de tumores que mais respondem ao tratamento e as limitações ainda existentes.
Continue a leitura para entender como a imunoterapia funciona, quais pacientes podem se beneficiar e o que a ciência já descobriu até agora.


O que é imunoterapia?


A
imunoterapia é uma forma de tratamento que estimula o sistema imunológico do próprio paciente a reconhecer e combater as células cancerígenas. Ela funciona como uma espécie de “reeducação” das defesas naturais do corpo, ajudando-as a identificar e atacar o tumor com mais precisão.


Existem diferentes tipos de imunoterapia utilizados na prática clínica, como:

  1. Inibidores de checkpoint imunológico, que liberam os “freios” do sistema imune (ex.: anti-PD-1, PD-L1 e CTLA-4)
  2. Terapias com células T, incluindo as células CAR-T
  3. Vacinas terapêuticas, desenvolvidas para estimular respostas específicas contra o câncer
  4. Citocinas, como interleucinas e interferons, que aumentam a resposta imune
  5. Anticorpos monoclonais, que reconhecem alvos específicos nas células tumorais


A proposta é tornar o sistema imunológico
mais ativo e eficaz contra tumores que, muitas vezes, conseguem escapar da vigilância natural do organismo.


Imunoterapia funciona em todo câncer?


Não. Apesar dos avanços recentes, a imunoterapia
não funciona em todo câncer. A resposta ao tratamento depende de características específicas de cada tumor, como:

  • Expressão de biomarcadores, como PD-L1
  • Carga mutacional elevada (TMB)
  • Presença de inflamação no microambiente tumoral (“tumores quentes”)
  • Instabilidade de microssatélites (MSI-H)


Em resumo, a eficácia da imunoterapia está
diretamente ligada ao perfil biológico do câncer. Ainda não existe uma solução universal, mas as indicações têm crescido com o avanço das pesquisas. Por isso, é fundamental que todos os tipos de tumor sejam testados adequadamente para avaliar o potencial benefício da imunoterapia, mesmo os subtipos com menor probabilidade de eficácia. Como exemplo, já tive pacientes com câncer de mama que não eram elegíveis à imunoterapia por serem hormônio-positivos, porém com rara carga mutacional altíssima, que viabilizou o tratamento bem-sucedido.


Assista ao vídeo:

Em quais tipos de câncer a imunoterapia é mais eficaz?


A imunoterapia já faz parte do tratamento padrão em vários tipos de câncer, especialmente naqueles que apresentam maior potencial de resposta imunológica. Os tumores mais sensíveis incluem:

  • Melanoma e outros cânceres de pele: um dos primeiros a mostrar respostas robustas, especialmente com anti-PD-1
  • Câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC): principalmente nos casos com alta expressão de PD-L1
  • Câncer de bexiga: imunoterapia já aprovada em diferentes estágios da doença
  • Linfomas, como o de Hodgkin, que apresenta sensibilidade alta a bloqueadores de PD-1
  • Câncer renal: especialmente em esquemas combinados com terapias-alvo
  • Tumores de cabeça e pescoço: em especial os metastáticos
  • Câncer de endométrio e colorretal com MSI-H


Quais tumores ainda apresentam baixa resposta?


Alguns tipos de câncer são menos sensíveis à imunoterapia. Entre os principais desafios estão:


Câncer de pâncreas

Devido a um ambiente tumoral altamente imunossupressor


Câncer de próstata

Baixa carga mutacional e pouca resposta imune local


Sarcomas

Em geral, respondem pouco aos imunoterápicos atuais


Câncer de mama tipo luminal

Com exceção do subtipo triplo-negativo, a resposta é limitada


Glioblastoma

Com múltiplas barreiras à resposta imunológica


Nesses casos, os estudos seguem em busca de novas estratégias — como combinações terapêuticas ou novas moléculas — para aumentar as chances de resposta.


Como saber se a imunoterapia é indicada para o seu caso?


A indicação é personalizada e exige uma análise detalhada do tumor. Para isso,
alguns exames são fundamentais:

  • Teste de expressão de PD-L1, que avalia o potencial de resposta a inibidores de checkpoint
  • Análise de instabilidade de microssatélites (MSI)
  • Carga mutacional tumoral (TMB)
  • Painéis genômicos e biópsias moleculares


Essas informações ajudam o
oncologista a definir o melhor caminho terapêutico para cada paciente.


Quais os principais benefícios da imunoterapia?


A imunoterapia representa um divisor de águas em muitos casos. Entre os principais ganhos estão:

  • Respostas duradouras, mesmo após o fim do tratamento
  • Menor toxicidade em comparação com a quimioterapia tradicional
  • Opção terapêutica para doenças metastáticas ou resistentes a outros tratamentos
  • Melhora na qualidade de vida, especialmente em pacientes com resposta sustentada


Ainda assim, vale lembrar:
ela não substitui outras terapias, e sim complementa uma abordagem integrada e multidisciplinar.


Quais os efeitos colaterais da imunoterapia?


Apesar de, em geral, ser melhor tolerada que a quimioterapia, a imunoterapia pode provocar reações ligadas à ativação do sistema imune. 


Os efeitos mais comuns incluem fadiga; diarreia; manifestações cutâneas; e inflamações autoimunes como colite, tiroidite, hepatite ou pneumonite.


Essas complicações exigem
acompanhamento atento e, em alguns casos, uso de corticosteroides ou imunossupressores para controle.


A imunoterapia pode ser combinada com outros tratamentos?


Sim
. Muitas abordagens modernas associam imunoterapia com:


Essas combinações ajudam a
aumentar as chances de resposta e a expandir o uso da imunoterapia para tumores inicialmente resistentes.


O SUS oferece imunoterapia?


Sim, em parte
. Alguns imunoterápicos já foram incorporados ao SUS para doenças específicas, como melanoma.. Contudo, o acesso ainda é limitado, pois depende de negociações de preço individualizadas, uma vez que o valor reembolsado pelo governo ao centro do SUS não cobre o valor do medicamento..


Fora do SUS, os pacientes podem recorrer a planos de saúde, programas de acesso expandido ou à inclusão em estudos clínicos.


  • Imunoterapia funciona em todo câncer?

    Não. A imunoterapia tem eficácia comprovada em diversos tipos de câncer, mas não é eficaz para todos os tumores. Sua resposta depende de características moleculares e do microambiente do tumor.

  • Como saber se a imunoterapia é indicada para um tipo específico de câncer?

    A indicação depende de exames que avaliam marcadores como PD-L1, instabilidade de microssatélites e carga mutacional, além do histórico clínico do paciente.

  • Quais tipos de câncer mais respondem à imunoterapia?

    Melanoma, câncer de pulmão não pequenas células, câncer de bexiga, linfoma de Hodgkin, câncer renal e tumores MSI-H, como certos cânceres colorretais e de endométrio, são exemplos com boa resposta.

  • Como a imunoterapia age no câncer?

    A imunoterapia estimula ou regula o sistema imunológico para que ele reconheça e ataque as células cancerígenas. Ela atua desbloqueando mecanismos de defesa usados pelos tumores para escapar da resposta imune.

  • Para quais tipos de câncer a imunoterapia é indicada?

    A imunoterapia é indicada principalmente para melanoma, câncer de pulmão, bexiga, rim, linfomas, colorretal MSI-H e outros com biomarcadores como PD-L1 ou alta carga mutacional.

  • Qual é a eficácia da imunoterapia?

    A eficácia varia conforme o tipo de câncer e as características do tumor. Em alguns casos, pode proporcionar respostas duradouras e sobrevida prolongada, mas nem todos os pacientes respondem.

  • A imunoterapia pode curar o câncer?

    Embora ainda não seja considerada curativa para todos os casos, a imunoterapia pode levar à remissão prolongada e controle de longo prazo em alguns tipos de câncer, mesmo em estágios avançados.

  • Quando a imunoterapia não funciona?

    A imunoterapia tende a ser menos eficaz em tumores com baixa carga mutacional, microambiente imune “frio” ou ausência de biomarcadores como PD-L1, além de casos com resistência primária ou adquirida ao tratamento.

  • Por que alguns tumores não respondem à imunoterapia?

    Alguns tumores, como câncer de pâncreas ou próstata, possuem mecanismos que impedem a ação do sistema imune, como ambiente tumoral imunossupressor ou baixa carga mutacional.

  • A imunoterapia pode substituir a quimioterapia?

    Em alguns casos, sim. Mas, na maioria das vezes, ela é usada em conjunto com outras terapias, como quimio, radioterapia ou terapias-alvo, para potencializar os resultados.

  • É possível prever a resposta do paciente à imunoterapia?

    Sim. Através de testes moleculares e genéticos é possível estimar a probabilidade de resposta, o que ajuda o oncologista a tomar decisões mais assertivas.

  • Imunoterapia é eficaz em câncer metastático?

    Sim. Muitos estudos mostram que a imunoterapia pode controlar tumores metastáticos por longos períodos, especialmente em pacientes com biomarcadores favoráveis.

  • Crianças ou idosos podem fazer imunoterapia?

    Em geral, sim. A decisão depende da condição clínica do paciente e do tipo de câncer. Estudos clínicos específicos ajudam a orientar essas indicações em diferentes faixas etárias.

  • A ausência de PD-L1 significa que a imunoterapia não funcionará?

    Não necessariamente. Embora a presença de PD-L1 possa indicar maior chance de resposta, pacientes com baixa ou nenhuma expressão também podem se beneficiar, dependendo do contexto clínico.

  • A microbiota intestinal pode influenciar a resposta à imunoterapia?

    Sim. Estudos mostram que o equilíbrio da microbiota pode impactar a eficácia do tratamento. Antibióticos, dieta e probióticos podem interferir nessa resposta.

  • Existe risco da imunoterapia “atacar” o próprio corpo?

    Sim. Por ativar o sistema imunológico, há risco de inflamações autoimunes que afetam órgãos como pulmões, intestino, fígado e tireoide. O manejo precoce é essencial.

  • Imunoterapia pode ser usada como prevenção do câncer?

    Não. A imunoterapia é um tratamento e não tem função preventiva. No entanto, pesquisas com vacinas terapêuticas estão em andamento para prevenção de recidivas em certos tipos de câncer.

  • Quais testes realmente determinam se um paciente pode fazer imunoterapia?

    Exames como PD-L1, MSI-H, TMB e perfil genômico tumoral são fundamentais. A escolha depende do tipo de câncer e dos recursos laboratoriais disponíveis.

  • A resposta à imunoterapia pode surgir tardiamente?

    Sim. Alguns pacientes apresentam resposta apenas após vários ciclos ou até mesmo após interrupção do tratamento, fenômeno conhecido como resposta tardia.

  • Pacientes transplantados podem fazer imunoterapia?

    Com cautela. A imunoterapia pode causar rejeição do órgão transplantado, por isso geralmente não é indicada nesses casos, salvo em situações específicas e com monitoramento rigoroso.

  • É possível combinar diferentes imunoterapias entre si?

    Sim. Em alguns casos, combinações como anti-PD-1 com anti-CTLA-4 aumentam a eficácia, especialmente em tumores mais resistentes, embora com risco maior de efeitos adversos.

Especialista em oncologia em São Paulo | Dr. Gustavo Schvartsman


A imunoterapia representa um dos maiores avanços no tratamento do câncer, oferecendo esperança a pacientes com tumores que antes tinham poucas opções. No entanto, a imunoterapia
não funciona em todo câncer – sua eficácia depende de características específicas de cada tumor, do perfil genético e da interação com o sistema imunológico. Ainda há muitos desafios a superar, mas a medicina caminha para ampliar essas possibilidades. Para saber se esse tratamento é adequado ao seu caso, procure um oncologista especializado e converse sobre as melhores opções disponíveis.


Se você busca por um oncologista com expertise e experiência, sou o Dr. Gustavo Schvartsman, especialista em oncologia clínica. Formado pela Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo, me especializei no MD Anderson Cancer Center, adquirindo experiência internacional e aprofundando meu foco em imunoterapia. Hoje atuo no Hospital Israelita Albert Einstein, onde ofereço tratamentos personalizados e terapias de última geração. Meu compromisso é garantir que cada paciente receba o melhor cuidado possível e as opções de tratamento mais adequadas para seu caso. Para mais informações, acesse o meu site ou clique aqui para agendar uma consulta.



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